08 agosto 2010

Precisou uma doutora vir dos EUA para escutarmos que: "a ênfase em responsabilização de professor é danosa para a educação", diz Diane Ravitch*.
Muitos educadores consideravam isto desde muito antes mas os índices falam mais alto. Os números contam mais que os indivíduos. Se lá, com toda infraestrutura que tem não funcionou, imagina aqui. Uma educação baseada em metas, testes padronizados, responsabilização do professor pelo desempenho do aluno e fechamento de escolas mal avaliadas, em vez de melhorar a educação, o sistema forma apenas alunos treinados para fazer uma avaliação, diz a secretária adjunta e continua,o ensino não melhorou e identificamos apenas muitas fraudes no processo.
Nossas alterações no sistema brasileiro foram baseadas nesta mesma política. A aposta numa "estratégia de avaliações e responsabilização, levou a alguns tipos de trapaças, manobras para driblar o sistema e outros tipos de esforços duvidosos para alcançar um objetivo que jamais seria atingido. Isso também levou a uma redução do currículo, associado a recompensas e punições em avaliações de habilidades básicas em leitura e matemática".
"Avaliações padronizadas dão uma fotografia instantânea do desempenho. Elas são úteis como informação, mas não devem ser usadas para recompensas e punições, porque, quando as metas são altas, educadores vão encontrar um jeito de aumentar artificialmente as pontuações. Muitos vão passar horas preparando seus alunos para responderem a esses testes, e os alunos não vão aprender os conteúdos exigidos nas disciplinas, eles vão apenas aprender a fazer essas avaliações. Testes devem ser usados com sabedoria, apenas para dar um retrato da educação, para dar uma informação. Qualquer medição fica corrompida quando se envolve outras coisas num teste".
Toda escola precisa de um currículo muito sólido, bastante definido. Sem essa ênfase em um currículo básico e bem estruturado, todo o resto vai se resumir a desenvolver habilidades para realizar testes.
E por fim ela diz: "A lição mais importante que podemos tirar do que foi feito nos Estados Unidos é que o foco deve ser sempre em melhorar a educação e não simplesmente aumentar as pontuações nas provas de avaliação. Ficou claro para nós que elas não são necessariamente a mesma coisa. Precisamos de jovens que estudaram história, ciência, geografia, matemática, leitura, mas o que estamos formando é uma geração que aprendeu a responder testes de múltipla escolha. Para ter uma boa educação, precisamos saber o que é uma boa educação. E é muito mais que saber fazer uma prova. Precisamos nos preocupar com as necessidades dos estudantes, para que eles aproveitem a educação".
Ressalto que para um efetiva Educação o importante são as necessidades dos estudantes.Todo o entorno deve direcionar seus esforços para cada vez mais atender cada um visando o todo.



* É pesquisadora de educação da Universidade de Nova York. Autora de vários livros sobre sistemas educacionais, foi secretária-adjunta de Educação e conselheira do secretário de Educação entre 1991 e 1993, durante o governo de George Bush. Foi indicada pelo ex-presidente Bill Clinton para o National Assessment Governing Board, órgão responsável pela aplicação dos testes educacionais americanos.

16 julho 2010

Não Existe Educação Inclusiva

Questionado sobre a existência de algum bom curso de especialização em educação inclusiva fui obrigado a responder ao meu interlocutor que não conhecia nenhum, mesmo porque eu não acreditava na existência de nenhum curso sobre esse assunto.

Diante da surpresa da pessoa à essa minha afirmação expliquei que o mercado está cheio de cursos que se batizaram com esse título, mas nenhum deles é um curso de educação inclusiva, são cursos para a integração de pessoas com deficiência na escola regular. Não estão preocupados em como tornar a escola um local de qualidade para todos mas, apenas e tão somente, querendo preparar pessoas para receber alunos com deficiência.

E se estamos falando de inserção de um grupo específico de pessoas isso não é inclusão.

Também não se trata de inclusão quando esses cursos focam parte do seu currículo nas características fisiológicas das deficiências. Como se para um professor fizesse alguma diferença saber se a cegueira do seu aluno foi provocada por glaucoma, diabetes ou por algum acidente.

E, mesmo se fizesse, nem por isso duas pessoas cegas pelas mesmas causas poderiam ser educadas da mesma forma. As pessoas com deficiência não são pacotes homogêneos de acordo a deficiência que possuem.

O modelo deficitário ressaltado nesses cursos leva as pessoas que o fazem a acreditar que especialistas médicos vão resolver o problema da educação. Isso apenas reforça a idéia de que é o aluno com deficiência é que precisa se preparar para ser aceito na escola. Se fosse inclusão estariam discutindo o que a escola precisa fazer para atender todos os alunos.

Nenhum desses cursos deixa de falar em legislação, pena que sejam apenas os artigos das leis que garantem a educação para as pessoas com deficiência, deveriam estar lendo a LDB inteira e não só um pedaço. Aí sim descobririam que avaliação é algo decidido pela escola e que ninguém é obrigado a dar prova em 50 minutos e notas de 0 a 10.

Um curso que ensine seus alunos a respeito de como educar todas as crianças. Um curso que ensine a explorar o potencial de cada uma. Um curso que fale de escolas que atendam, com qualidade todo mundo. Um curso que ensine as leis e diretrizes da educação do país. Isso sim seria um curso inclusivo.

Para não deixar a pessoa que me questionava na mão, fui ver se descobria algum curso com esse perfil. E descobri. Atende pelo nome de pedagogia.

Educação inclusiva não é uma modalidade de ensino é a própria educação. Não é uma especialidade, se for, deixa de ser inclusiva.

Precisamos de escolas que preparem os professores a serem educadores de todos? Claro que sim. As nossas faculdades de pedagogia hoje preparam seus alunos para serem educadores dos alunos "médios", uma aberração estatística inexistente na vida real. Precisamos de pedagogos que estejam preparados para educar pessoas. Todas as pessoas.

Quando a formação dos professores for inclusiva ninguém vai precisar correr atrás de pseudo-especializações.

O que todos nós precisamos mesmo é de boa educação.

Retirado do Blog: Inclusão Ampla, Geral e Irrestrita de Fábio Adiron

11 julho 2010

As Nomenclaturas

Em encontro informal com amiga Elaine, fui chamada atenção para atualização do termo que vinha empregando para denominar clientela que foco neste blog.
Ao longo das décadas os conceitos e valores atribuídos às pessoas com deficiência intelectual foram mudando, na tentativa de melhor defini-las. Termos como idiota, mongolóide, mongol e Down (século 19), excepcional (décadas de 50,60 e 70), incapacitado (década de 80)especial, deficiente mental, alunos com necessidades educacionais especiais,portadores de necessidades educacionais especiais e, atualmente pessoas com deficiência foi e, é empregado de acordo com os conceitos e os valores vigentes na sociedade de cada época. Todas essas mudanças de direitos e nomenclaturas são reflexos do enorme esforço para mostrar à sociedade a necessidade de se estabelecer uma transição da integração para a inclusão, que é fundamental para evitar que se criem preconceitos, estigmas, estereótipos e práticas discriminatórias.
Considerando que a terminologia reflete a postura social, a ONU (Organização das Nações Unidas) adotou a nomenclatura "Pessoas Portadoras de Deficiência" (Slee, 1999). Este termo reflete que a deficiência está na pessoa, mas não é a pessoa. Pensando-se assim fica mais fácil atuar na procura de melhora específica do que a pessoa necessita para torná-la capaz de superar os obstáculos que precisa enfrentar.
Estudos feitos sobre mudanças nos programas e categorias nos serviços de educação especial mostrou que mudança na categoria da deficiência de um indivíduo o levava a tratamentos diferentes, auxiliando a sua melhora, integração e engajamento no trabalho.O aumento considerável do número de Inclusões se deve as novas formas de investimento educacional especializado, individualizado, organizado em estruturas adequadas às diferenças.
Todos as criticas sobre a política da Educação Especial e as tentativas de atuação que ocorrem desde 1968 e que se acentuaram nos dias de hoje vem fortalecer e criar maiores discussões e procuras de soluções para um ensino eficaz e adequado para os estudantes com necessidades especiais.Creio que não é reunindo todos em estruturas desfalcadas que conseguiremos avanços.
Algumas leis, medidas e resoluções parecem ainda ser utópicas perante a realidade existente.

05 julho 2010

Índices Atualizados

Novos dados sobre educação são divulgados. A melhora em décimos percentuais medida pelo IDEB não são nada acalentadores mas são comemorados. No ranking mais recente da educação, divulgado pela ONU, o país caiu de 76º para 88º lugar entre 128 países.
Como pode? Melhorou ou não? Dados, estatísticas, indicadores, aplicação de provas e uma série de medidores são lançados na tentativa de quantificar a educação quando deveríamos focar na qualificação. Dados são importantes? Sim, mas se os investimentos estivessem dirigidos para a infra estrutura educacional, automaticamente os índices melhorariam.Menos alunos nas salas, professores com formação continuada, salários suficientes para além da sobrevivência, salas de aula com boas condições físicas e instrumentais, equipe multidisciplinar que suprissem as necessidades individuais dos alunos e abarcassem as novas necessidades sociais que a sociedade capitalista imprime, nossos índices melhorariam significativamente.
Como serão nossos índices quando o processo de inclusão proclamado se estabelecer no todo da educação? Como será medido o avanço nas relações sociais pregada pela inclusão?
Os deficientes mentais estarão incluídos nas taxas de reprovação, evasão ou baixo índice na Provinha Brasil?
Incluir é fazer parte e não simplesmente estar num todo sem atendimento às suas necessidades.

01 julho 2010

Responsabilidade de quem?

Quando refletimos sobre o enxugamento da Escola Especial pela Escola Regular, muitas questões se levantam: o que diferencia uma escola da outra; como estão estruturadas as instituições escolares para atendimento da diversidade; como os profissionais estão sendo preparados; e me deparo com uma questão maior:
de quem é a responsabilidade da aprendizagem?
Do aluno, do professor, da escola, da família ou do Estado?
Segundo Platão, é do Estado, pois a perfeição do Estado dependerá da perfeição dos seus cidadãos. Buscando referências mais atuais vemos que todos têm sua parcela de responsabilidade, mas em diferentes medidas e proporções.
A crise vivida pela educação no mundo contemporâneo vem propiciando o desenvolvimento de inovações pedagógicas que exigem a transformação da postura do educador, do educando e das instituições em relação ao processo ensino-aprendizagem, mas as falhas estruturais e organizacionais demonstram o caráter contraditório das políticas educacionais que reveste a escola de responsabilidades desviantes da função educativa, prioriza o caráter quantitativo em detrimento ao qualitativo e possibilita o acesso a todos através do aumento do número de vagas independente do atendimento às necessidades individuais, sociais e coletivas do núcleo comunitário em que cada instituição está integrada.
O excessivo número de alunos, a diversidade apresentada e a falta de formação dos educadores impedem a continuidade da escolarização das pessoas que precisam de um olhar mais atento às suas possibilidades/necessidades. Aí voltamos à questão maior: de quem é a responsabilidade? Do aluno que não acompanha o andamento da maioria da classe, do professor que não pode atender as diferenças individuais do seu aluno, da escola que não tem a estrutura para dar conta das necessidades sociais e de saúde que sua clientela exige, da família que não suporta a pressão pela falta de adaptação ao sistema ou do Estado que monta uma estrutura que mede o sucesso com relatórios numéricos e financeiros?
A educação é uma construção do homem. Existe na sociedade e faz parte de sua estrutura, de seus processos e, como uma instituição social, é parte do aparato de que classes sociais ou grupos de controle do poder político lançam mão para realizar alguns dos seus interesses e objetivos políticos de domínio ocultos sob propostas de “democratização” através da educação, pois em todas as sociedades é um dos mais efetivos instrumentos de controle social.
O processo educativo tem sua dimensão cultural instrumentalizadora, socializadora que definem as práticas dos educadores e, também tem a dimensão política, que aparece no discurso de pessoas e de grupos que controlam a educação como a de um instrumento dirigido ao bem e ao desenvolvimento de toda a sociedade. Esta mensagem vai sendo transmitida para que as pessoas preservem e reproduzam, com as suas idéias e atitudes, a ordem econômica, política e ideológica da sociedade.
Portanto, a escola especial deixará de existir sem que as instituições regulares estejam estruturadas, organizadas, bem aparelhadas e com seus profissionais preparados para diversidade humana não é pelo bem estar de todos e democratização da educação. Tenham certeza !

21 junho 2010

Necessidades que não são atendidas

Fonte - Jornal do Advogado
ano XXIX - 280
site: www.oabsp.org.br

reportagem: Suzana Lakatos

O Brasil tem 24,5 milhões de portadores de necessidades especiais e uma das melhores legislações do mundo para atendê-los. Apenas no papel. Na prática, pouco se avança para dar condições de cidadania a essa parcela da população.
Se dependesse apenas da lei, o portador de deficiência física ou mental brasileiro seria um dos mais felizes do mundo. A legislação específica sobre o assunto no país é considerada uma das melhores. O assunto aparece na Constituição, já foi regulamentado por leis específicas federais, estaduais e municipais e conta com regras precisas da ABNT (Associação Brasileira de Normas Técnicas) para cada situação. Fora do papel, no entanto, falta fiscalização na implementação dessas regras, que acabam ignoradas pelo próprio Poder Público. Além disso, o maior desafio é o da mudança cultural, e esta não se realiza por decreto.
Alimentados por preconceito, falta de consciência e convívio com a realidade dos chamados portadores de necessidades especiais, os fatores subjetivos acabam sendo o principal motor da exclusão social dessa grande parcela da população. Algumas entidades calculam que cerca de 70% dos deficientes são mantidos "fechados" pelas famílias.
"O arcabouço legal voltado para o deficiente é bom, mas falta-lhe aplicabilidade e eficácia. Até o momento, o melhor fruto dessas leis foi um despertar de consciência e a abertura de uma perspectiva de inclusão do deficiente como cidadão", analisa o advogado Frederico Antonio Gracia, atual presidente da Comissão de Defesa dos Interesses e Direitos dos Portadores de Deficiências Físicas da OAB-SP e procurador do município do Guarujá, litoral paulista.
Educação Inclusiva: "É inegável que a realidade brasileira está ainda muito distante do atendimento reservado às pessoas portadoras de deficiência em países como Estados Unidos, Espanha, França e Alemanha. Superar esse distanciamento é um desafio que envolve inclusive o estímulo à educação inclusiva", defende David Araújo. Para ele, o fato de crianças portadoras de necessidades especiais conviverem cotidianamente com outras, participando das suas brincadeiras e experiências, é um exercício de tolerância e também uma forma de despertar para a necessidade do outro.
Gracia, porém, acha que a questão merece um pouco mais de reflexão: "As propostas da educação inclusiva são pedagogicamente boas e ajudam a desenvolver uma sensibilidade para o problema, mas não se pode ignorar que as crianças não são hipócritas e certas brincadeiras podem gerar traumas. Muitas das decisões tomadas no meio acadêmico são distantes da realidade. Não refletem o que a sociedade quer e menos ainda o que o portador da deficiência deseja", pondera.
É preciso que os portadores de necessidades especiais se organizem, troquem experiência, cobrem o zelo pelas suas conquistas, orquestrando uma luta contra o Poder Público e quem mais desrespeitar os seus direitos".
Emprego:É inegável,trabalhar e prover as próprias necessidades faz bem para a auto-estima, facilita a integração e o convívio com outras pessoas e, importantíssimo para os portadores de necessidades especiais, diminui sua dependência da família e de outras pessoas.
A legislação brasileira (Lei 8.213/91 e Decreto 2.172/97) não apenas garante esse direito como até estabelece uma tabela de cotas a serem preenchidas, nos setores público e privado, por beneficiários reabilitados ou portadores de deficiência habilitados. Hoje, não há levantamentos confiáveis do número de beneficiados pela medida.
De acordo com o professor Luiz Alberto David Araújo, embora o Ministério Público do Trabalho se esforce por fazer cumprir a regra, é comum o empresário brasileiro não fazer as contratações por desconhecimento: "Não se trata de arranjar um empreguinho. A pessoa portadora de deficiência tem direito à inclusão social, participando ativamente, produzindo e se entrosando com o conjunto da empresa", diz ele.
Esta mesma idéia é preconizada pela Convenção 159 da OIT (Organização Internacional do Trabalho), sobre Reabilitação Profissional e Emprego de Pessoas Deficientes, de junho de 1983, segundo a qual todo país-membro deve considerar que a finalidade da reabilitação profissional é permitir ao portador de necessidades especiais de qualquer natureza obter e conservar um emprego no qual possa progredir e se integrar ou reintegrar à sociedade. Ou seja, não se espera caridade, mas a geração de oportunidades.
A legislação sobre o assunto é vasta e assegura, além da cota de vagas, isonomia salarial, regime especial, direito de participação em concursos públicos etc. "Leis como essa de cotas, embora pareçam discriminatórias num primeiro momento, mostram-se imprescindíveis até a nação desenvolver a consciência de que todos, inclusive os portadores de deficiência, fazem parte dessa aldeia global. São um mal necessário", avalia o advogado Frederico Antonio Gracia, presidente da Comissão de Defesa dos Interesses e Direitos dos Portadores de Deficiências Físicas.

19 junho 2010

Incluir sob novos paradigmas nas velhas estruturas

Inicio com um dito popularmente conhecido: “se um médico, um advogado, um engenheiro, um farmacêutico renascesse, depois de 10 anos, não reconheceria seu local de trabalho e não teria como exercer sua profissão. Tudo foi alterado com os avanços tecnológicos, conceituais, estruturais, etc. Um professor, neste mesmo tempo sem atuação, poderia singelamente voltar para sua sala de aula, pegar seu giz e continuar seu exercício profissional tal qual anteriormente o fazia." O sistema permite e o autoriza.
A luta das minorias vem crescendo, tendo vez e voz. A legislação emana as leis advindas destas discussões e das alterações que o mundo globalizado impinge à sociedade. Porém a efetivação prática destas leis e teorias, que se dão dentro das salas de aula, são muito mais lentas, ou melhor, andam ao passo dos profissionais empenhados na evolução e crescimento do seu aluno, alguns poucos.
O sistema educacional altera o aporte teórico, mas as estruturas permanecem desatualizadas, retrogradas e enferrujadas. O ensino-aprendizagem depende de cada um dos profissionais. Há os envolvidos, engajados que buscam sempre estar atentos, atualizados. Há os acomodados que permeiam sua prática as velhas pedagogias, pinçando novidades que surgem, sem fundamentação ou aporte teórico que sustente qualquer argumentação.
Somados a isso, o ambiente familiar está mais flexível e as noções de limite, respeito tem outras tonalidades. O mercado de trabalho exige mais que o mínimo de cada profissional. A sociedade está baseada nas interatividades, nas intercomunicações, no trabalho em equipe, na possibilidade de cada um ser como pode ser. O educador não foi formado para atender estas concepções, pois historicamente a escola foi criada como instância para transmitir às novas gerações o que sabia sob uma visão hierarquizadora e disciplinadora. Como lidar com os novos alunos na mesma estrutura arquitetônica, hierárquica e organizacional?
Em pleno e grande conflito, surge mais um elemento: a inclusão. O que vem a ser isso?
Precisamos falar da inclusão do professor neste processo. Está é a real e efetiva necessidade de investimento, no professor inclusivo. É ele que fará todas as leis e normas funcionarem ou não. É ele o responsável direto pela aprendizagem de todos e de cada um. Os incluídos somos todos nós que participamos de algum projeto pedagógico que busque a qualidade do ensino-aprendizagem, que reinvente o ambiente e o trabalho escolar.
Ser um educador inclusivo pressupõe postura de respeito ao ser humano nas suas possibilidades e, interessado na aprendizagem de todos envolvidos, compromissado com as causas sociais e ambientais, ciente de seu papel na validação do conhecimento desta nova sociedade.
Educadores e sistemas inclusivos sim farão com que as novas propostas tenham sucesso mas por enquanto devemos incluir respeitando as possibilidades de cada um e, estas, precisam de estrutura que detecte, desperte e efetivamente invista no crescimento individual.

16 junho 2010

Evasão Forçada

Muitos anos de experiência nesta área me encaminham para a certeza do fracasso da idéia de inclusão para todos. Porém, até que alguma atitude reversa aconteça, muitos anos passarão. Serão números chegando e sendo contestados com exemplos de alguns poucos casos que deram certo. A grande maioria será sumariamente excluída de todo processo educativo e, dependendo do poder aquisitivo do núcleo familiar, serão encaminhados para clínicas ou para dentro de suas casas, isolados da sociedade. Com o agravante de inverterem a responsabilidade para a família, pois está terá a vaga e “retirará” por escolha. Escolha não, exigência, pois após um curto período de experiência serão chamados a todo o momento para dar conta dos problemas de aprendizagem e de comportamento até a hora que não terão mais o que responder e cancelam a matrícula ou evadem tornando-se um número nos dados e menos um problema para dar conta.

A estrutura atual das escolas não comporta tal inclusão. As possibilidades de sociabilidade e de adaptação de alguns são escassas. São necessários espaços específicos que o considerem como um sujeito com necessidades especiais, mas com possibilidades, nem sempre as acadêmicas. Para isso é preciso estar muito instrumentalizado, próximo, atento e estruturado, condições que o sistema nacional de ensino não apresenta. É necessário investir nas suas habilidades e redescobrir suas possibilidades. Respeitar suas diferenças sem torná-las o único foco de observação.

15 junho 2010

Respeito às Diferenças faz Diferença

Nossa cultura sempre foi avessa às diferenças e a busca pela normalização é intensa. O diferente destaca-se, exige atenção e criação de políticas públicas que atendam estas demandas. Isso tem custas e exige investimento. Na área da Educação, como os investimentos sempre foram escassos, as estruturas educacionais lutam para atender a média da população. Não há espaço para diferenças consideráveis que exijam um olhar atento, próximo, técnico e especializado. Portanto, tratar a todos sem diferença, dentro destas estruturas educativas é excluir sujeitos que necessitem de educação especializada. A estrutura emocional destes sujeitos não lhe dá suporte para se adequar a estas normalidades, porém a política educacional proposta atualmente no país, exige que todos estejam incluídos, independente de suas possibilidades, capacidades ou aptidões.
A efetivação desta política pública está se dando a passos largos e o processo de extinção das Escolas Especiais, que atendem esta clientela, se encontra em adiantado processo. Importante ressaltar que a inclusão é necessária, é direito de todos e é condição básica para evolução da sociedade mas o respeito e atendimento às diferenças é condição para participação ativa, efetiva e real.

14 junho 2010

Viver e ser !

O ser humano, ao nascer, trás consigo uma história projetada pelo núcleo que o acolhe. Em algumas situações estas histórias precisam ser reescritas, pois os desejos foram frustrados e as pessoas nascem com algumas necessidades especiais que os impedem de seguir o fluxo planejado. Porém, são capazes de muitas outras histórias.

Histórias de vida. Vida que se define pelas situações vivenciadas, pelo crédito que lhe é dado, pelas propostas que lhe são oferecidas, pelo acompanhamento e apoio recebidos no núcleo familiar e social, instituições, clínicas e todos os meios em que este sujeito circula. Meio social nos envolve e nos desenvolve.

O Espaço de Convivência “Viver e Ser” trás a proposta inovadora de atender pessoas portadoras de necessidades especiais que estejam privadas do convívio social mais ampliado, limitadas ao convívio familiar ou que desejam estar próximas de múltiplas experiências enriquecedoras, do convívio c/ seus pares e do atendimento no que lhe é peculiar na busca de melhor viver e ser na sociedade.