01 julho 2010

Responsabilidade de quem?

Quando refletimos sobre o enxugamento da Escola Especial pela Escola Regular, muitas questões se levantam: o que diferencia uma escola da outra; como estão estruturadas as instituições escolares para atendimento da diversidade; como os profissionais estão sendo preparados; e me deparo com uma questão maior:
de quem é a responsabilidade da aprendizagem?
Do aluno, do professor, da escola, da família ou do Estado?
Segundo Platão, é do Estado, pois a perfeição do Estado dependerá da perfeição dos seus cidadãos. Buscando referências mais atuais vemos que todos têm sua parcela de responsabilidade, mas em diferentes medidas e proporções.
A crise vivida pela educação no mundo contemporâneo vem propiciando o desenvolvimento de inovações pedagógicas que exigem a transformação da postura do educador, do educando e das instituições em relação ao processo ensino-aprendizagem, mas as falhas estruturais e organizacionais demonstram o caráter contraditório das políticas educacionais que reveste a escola de responsabilidades desviantes da função educativa, prioriza o caráter quantitativo em detrimento ao qualitativo e possibilita o acesso a todos através do aumento do número de vagas independente do atendimento às necessidades individuais, sociais e coletivas do núcleo comunitário em que cada instituição está integrada.
O excessivo número de alunos, a diversidade apresentada e a falta de formação dos educadores impedem a continuidade da escolarização das pessoas que precisam de um olhar mais atento às suas possibilidades/necessidades. Aí voltamos à questão maior: de quem é a responsabilidade? Do aluno que não acompanha o andamento da maioria da classe, do professor que não pode atender as diferenças individuais do seu aluno, da escola que não tem a estrutura para dar conta das necessidades sociais e de saúde que sua clientela exige, da família que não suporta a pressão pela falta de adaptação ao sistema ou do Estado que monta uma estrutura que mede o sucesso com relatórios numéricos e financeiros?
A educação é uma construção do homem. Existe na sociedade e faz parte de sua estrutura, de seus processos e, como uma instituição social, é parte do aparato de que classes sociais ou grupos de controle do poder político lançam mão para realizar alguns dos seus interesses e objetivos políticos de domínio ocultos sob propostas de “democratização” através da educação, pois em todas as sociedades é um dos mais efetivos instrumentos de controle social.
O processo educativo tem sua dimensão cultural instrumentalizadora, socializadora que definem as práticas dos educadores e, também tem a dimensão política, que aparece no discurso de pessoas e de grupos que controlam a educação como a de um instrumento dirigido ao bem e ao desenvolvimento de toda a sociedade. Esta mensagem vai sendo transmitida para que as pessoas preservem e reproduzam, com as suas idéias e atitudes, a ordem econômica, política e ideológica da sociedade.
Portanto, a escola especial deixará de existir sem que as instituições regulares estejam estruturadas, organizadas, bem aparelhadas e com seus profissionais preparados para diversidade humana não é pelo bem estar de todos e democratização da educação. Tenham certeza !

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